Observatório Alviverde

03/03/2014

DEIXEM MAZINHO EM PAZ!


 
Substituição no Verdão: Sai Araújo entra Mazinho


A torcida do Palmeiras é mesmo "sui-generis", isto é, a única entre todas, que implica, se revolta e briga com determinados jogadores, devotando-lhes repulsa e ódio eternos.

Não é necessário- retornar tanto no tempo para apontar alguns exemplos de jogadores que tiveram a desdita de cair na antipatia das organizadas palmeirenses, o que, em outras palavras, significa cair em desgraça!

Lembro-me do lateral esquerdo Lúcio, -nem era tão ruim assim! Provou isso no Grêmio e em outros times que defendeu- , que recebeu uma pena eterna da "turma da inquisição" -também conhecida como turma do amendoim (LFS)- e acabou sendo, cruel e humilhantemente, defenestrado do Palmeiras. Deu dó!

É preciso falar algo mais sobre os fatos recentes que envolveram Márcio Araújo, fatos esses absolutamente exóticos e inexplicáveis?

Dizer o que de uma torcida que parte para o desforço físico contra o único craque da equipe, Valdívia por suposta acomodação, mesmo sendo o chileno o melhor jogador do time? 

Isso é surrealismo puro, mas não foi e nem é o máximo, que ocorreu no ano 2000! 

Lembram-se daquele time modesto do ano dirigido por Murtosa , que foi o "campeão dos campeões" do Brasil?

Pois aquele time -quase todo- sem estrelas. porém muito focado, muito entrosado. apesar de levantar fora de casa, em pleno nordeste, um  título muito importante,  de âmbito nacional, recebeu como recompensa, em sua chegada a São Paulo, além do desprezo,  a rejeição ampla, total e irrestrita  da torcida.

Desse time, não sobrou jogador, um ao lado de outro, em temporadas posteriores. 

Segundo os puristas da torcida palmeirense, -leia-se, entretanto, os elitistas, os deslumbrados, os metidos, os arrogantes e aqueles que se acham os maiorais-, aquele time, apesar do titulo, não tinha estofo para representar a saga e o orgulho e a grandeza do Verdão. Pelo menos era o que eles, delirantemente, imaginavam!

Ainda que vencendo a Copa dos Campeões, eliminando equipes, -à época-, poderosíssimas e de alto orçamento como o Cruzeiro e o Flamengo, nem assim foi aceita pela nossa coletividade.

Ainda que decidindo a Copa  em Maceió e vencendo na decisão o Sport, o time mais importante da região, a torcida paulistana do Palmeiras. em vez de festejar,  rejeitou os campeões e enquanto não acabou com aquele time de baixo orçamento, do bom e barato, não sossegou!

Vejam, para refrescar a memória de muitos palmeirenses, esta foto antes do jogo em que o Palmeiras eliminou o Flamengo, todos jogadores sem nome e marketing! 


Interessante é que mesmo tendo acontecido a decisão em Maceió, isto é, uma cidade que dista de Recife cerca de 300 quilômetros, -mais ou menos a distância São Paulo/Ribeirão Preto- o Palmeiras dividiu com o Sport os assentos do Trapichão, também conhecido como Estádio Rei Pelé! 

Detalhe: a torcida nordestina do Palmeiras, a terceira do Brasil,  -depois de Fla e Vasco-, festejou intensamente e sem restrições, a conquista do título de "campeão dos campeões" pelo Verdão!

Apesar de tudo, do aguerrimento, do espírito de luta e da dedicação, aquela equipe (a da foto)  foi, sumariamente, destruida, porque idiotas achavam que o time era formado por jogadores baratos, sem nome e sem fama! 

Detalhe: naquele tempo Avalone estava na ativa, com a corda toda, tinha programa de tv. e, mais do que comandava, teleguiava a maior parte torcida  da paulistana do Palmeiras! É preciso dizer mais?

Leiam os dados daquele jogo, para que possam constatar que, de fato, tínhamos uma equipe de jogadores sem nome e marketing, mas raçuda e eficiente.

Fosse aquela equipe mantida, retocada e prestigiada pela torcida e  poderia ter proporcionado muitas alegrias aos verdadeiros palmeirenses. 

Mas Avalone e seguidores exigiam -como se fosse um dogma- que o Palmeiras tivesse craques e jogadores de nome. Isso, de fato, esse time não tinha!


PALMEIRAS  2x1  SPORT
Local: Rei Pelé (Maceió-AL - 21h45);
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS); Público: 22.560;
Gols: Asprilla 32' do 1º; Alberto 9' e Nildo 46' do 2º;
Cartões Amarelos: Leomar, Russo, Sérgio, Taddei, Almir e Agnaldo.
PALMEIRAS: Sérgio, Neném, Paulo Turra, Agnaldo e Jorginho;
Fernando, Taddei, Juninho Paulista e Asprilla;
Alberto (Titi) e Basílio (Adriano). Técnico: Flávio Murtosa.
SPORT: Bosco, Erlon, Márcio, Evaldo e Marquinhos;
Leomar, Sidney, Nildo e Adriano;
Almir e Sandro Gaúcho. Técnico: Émerson Leão.

Esse jogo proporcionou-me uma alegria especial pois um humilde Palmeiras derrotou outro grande símbolo da arrrogância no futebol, o técnico do Sport Emerson Leão, que dispensava avaliações nesse sentido.

Porém o time campeão, depois do título, começou a entrar em campo sob coação, smpre sob a rejeição das vaias e, até ser dissolvido, nunca teve tranquilidade para trabalhar!

Essa foi a história, esmiuçada em mínimos detalhes, para que se possa ter uma ideia de até que ponto pode chegar a torcida palmeirense quando se trata de implicar e perseguir jogadores! 

O interessante é que, dois anos depois, já com um time completamente renovado, -desprezando a base daquele time campeão- repleto de cobras e de jogadores de renome exigidos por Avalone e seus carneirinhos amestrados, o Palmeiras sucumbiu.

Mesmo com um time novo e -teoricamente- muito forte, formado por jogadores famosos e conhecidos como Arce,(lateral da seleção paraguaia)  Alexandre,(zagueiraço no Galo Mineiro, mas que afundou o Verdão),  César, Léo Moura,(revelação do Flamengo)  Rubens Cardoso, Paulo Assunção (considerado um dos melhores cabeças de área da época), Flávio, Juninho, Zinho (cracaço de bola ex-Flamengo), o colombiano Muñoz, Itamar, Nenê,(revelação do Paulista de Jundiaí), Lopes (Veio muito bem recomendado do Rio) e muitos outros jogadores de nome, acabou rebaixado à segunda divisão.

Poucos, enfim,  restaram do time campeão dos campeões e, fosse o Palmeiras um clube administrado profissionalmente, aquele grupo de jogadores teria servido de base para a estruturação de um novo time, mais técnico e competitivo. 

A consequência fatal de nossa arrogância foi um passaporte visado e carimbado para a segunda divisão! 

Vejam que o tempo passou, continua passando e a nossa torcida não aprende mesmo. Com a saída de Araújo, já há dois candidatos à desgraça: Juninho e, principalmente, Mazinho!

Juninho não é craque e -menos ainda- não é bom marcador, mas exerce bem a função de ala e tem subido -muito- de produção!

Mazinho, jogador de média idade, é um grande talento, mas, na ânsia de acertar, tem errado demais, sobretudo por excesso de individualismo e egoísmo, defeitos que podem, tranquilamente, ser corrigidos bem a curto prazo!.

É o que Kleina, i-n-t-e-l-i-g-e-n-t-e-m-e-n-t-e, está tentando fazer, conforme seu depoimento em entrevista concedida esta semana ao Estadão.

Para evitar que Mazinho passe pelo mesmo processo destrutivo e "pulverizativo" pelo qual tantos,  - na história do Palmeiras- já passaram,  dá um tempo e deixa de escalar o jogador, trabalhando-lhe a cabeça e as emoções, fatotes que Kleina sabe muito bem, podem liquidar Mazinho no Palmeiras!

Se implicam e conseguem destruir um time inteiro, o que não podem -esses torcedores- fazer com Mazinho? 

Na certa farão com ele o que fizeram com Lúcio, com Araújo, com Diego Souza, com Valdívia e com 90% dos jogadores campeões do ano 2.000!

Esse comportamento doentio, essa tendência extremada à crítica, o gosto pela violência e a preferência pelo quanto pior, melhor, é uma cultura que tem de ir, aos poucos, terminando, pois suas funestas consequências já fazem parte -até- de nossa história!

Se a torcida deixar Mazinho jogar e o excelente futebol que ele tem puder fluir na proporção da força e da intensidade de seu potencial, poderemos ter no time, senão um craque, mas um atacante genial,  desequilibrante, muito acima da média vigente no Brasil!

Por tudo isso e pelo bem do Palmeiras, por favor,

DEIXEM MAZINHO EM PAZ!


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