Observatório Alviverde

13/09/2010

O JOGO ERA DE SEIS PONTOS, MAS SÓ GANHAMOS UM. FELIPÃO ERROU DE NOVO. MUDOU APENAS ALGUMAS PEÇAS, MAS O ESQUEMA FOI O MESMO. MARCOS ASSUNÇÃO FEZ MUITA FALTA AO TIME QUE, OUTRA VEZ, NÃO CONSEGUIU JOGAR BEM !

1) O placar, por si, fala alto, diz tudo, define tudo, Por acréscimo, ainda atribui a nota justa e perfeita, a ambas as equipes: ZERO.

2) Como dizia Walter Abrão nas transmissões da antiga TV Tupi, o placar foi "oxo" (pronuncia-se "ôcho"). A propósito, onde anda essa figura nobre da comunicação brasileira?

3) A partir da criatividade do grande narrador, um dos pioneiros da TV brasileira, aproveito e acrescento a minha rima: Placar oxo para um jogo chocho.

4) Depois disso, falar mais o quê,  desse anticlássico? Foi um jogo horrível de dois times peladeiros, rigorosamente,  iguais, no rosário de erros cometidos, e nos econômicos acertos verificados.

5) Palmeiras e Vasco foram um aglomerado de jogadores,  sem tática, sem técnica, sem objetividade, sem  imaginação, sem criatividade e tudo o mais que queiram...

6) O rachão oficial deste domingo serviu, antes de tudo e acima de tudo, apenas para justificar as posições medianas dos dois "reis do empate" deste brasileirão. 

7) O jogo em sí não teve time administrador e, menos ainda, um possível vencedor. Quando um time sobressaía no jogo e se impunha territorialmente, faltavam-lhe qualidades ofensivas para, ao menos, chutar em gol. Houve um nivelamento por baixo entre as equipes.

8) As oportunidades criadas foram escassas de parte a parte. A turma da TV teve dificuldades para exibir os "melhores momentos" que deveriam ser definidos como "melhores instantes".

9) A postura e as atitudes de Scolari no banco palmeirense, eram o sinal revelador de que o time não ia bem. Enrubescido e irado, o técnico palmeirense não esboçava nenhum sorriso e permanecia, impávido, no banco,com cara de paisagem e de poucos amigos.

10) A essa altura ele tinha parado de se dirigir aos jogadores, após ter gritado inutilmente com o time por mais de vinte minutos. Nesse interregno Murtosa cumpria o papel de técnico, dava todas as ordens e comandava a equipe da beira do campo. Felipão só viria a assumir o seu papel de treinador na volta do intervalo, na etapa complementar. Ainda assim, continuou aborrecido, murcho e desanimado o tempo todo.

FALANDO DE PALMEIRAS
11) Dos últimos jogos do Palmeiras no Brasileiro, esse, contra o Vasco, foi o pior. Além da queda brutal de rendimento a equipe esteve mal sob o aspecto emocional.

12) Felipão acertou quando falou dos equívocos do time, salientando que os jogadores chutavam quando era para cruzar e cruzavam quando era para chutar.

13) A bola parecia queimar-lhes nos pés e todos procuravam desvencilhar-se dela sem pensar as jogadas. Ninguém queria assumir a responsabilidade do arremate. Nem Kléber.

14) O ataque excedia nos toques laterais e, sem profundidade, não dava trabalho à defesa vascaína que ganhou com folga o duelo estabelecido. Nem a entrada de Valdívia no 2º tempo resolveu a situação.

15) Nossos laterais, mormente Rivaldo, jamais fizeram a passagem para o apoio e cruzamento. Vitor ainda arriscou um ou outro lance, mas preferiu sempre afunilar do que procurar o caminho mais curto e mais fácil, as jogadas e os cruzamentos pelo flanco, facilitando, assim,  o trabalho dos rivais.

16) Ficou o consolo de que, mesmo com a ausência de Marcos e a inexplicável ausência de nosso melhor jogador pela esquerda, Fabrício, a nossa defesa esteve bem. Deola não comprometeu e consagra a nossa escola de goleiros. Maurício Ramos e Danilo se entendem, cada dia mais,  e isso é muito bom.

17) Edinho, Márcio Araújo e Tinga começaram o jogo compondo a meia cancha. Edinho foi o melhor em campo, o sempre regular Araújo foi bem e Tinga, que sentiu o peso do jogo, mal. Pierre não fez falta, mas o time sentiu demais a ausência de Marcos Assunção.

18) O impacto da saída de Assunção foi de grandes proporções. Além de ficar sem o homem de referência e liderança na zona de raciocínio, o Palmeiras não teve ninguém que fizesse a aproximação para encostar no ataque, promovendo a necessária conexão.

19) Além disso, o Palmeiras perdeu uma de suas melhores opções de rebote ofensivo e não pôde contar com o arsenal de arremates à média e longa distâncias de Assunção, um exímio batedor de córneres, faltas e penaltis. Foi uma ausência e tanto.

20) Não quero entrar no mérito se a contratação de Ewerthon foi ou não uma "roubada". Quero dizer, apenas, que ele não parece, a esta altura da idade e da vida, um jogador que reúna credenciais para figurar em um clube da grandeza do Palmeiras. Ao menos até agora, foi assim… Será que vai mudar? 

21) Para quem ganha a montanha de dinheiro que Ewerthon ganha no Palmeiras, (dizem que é  segundo salário do clube) duas arrancadas, dois arremates errados e dois ou três bons passes ofensivos são muito pouco para que seja efetivado como titular.

22) Faço justiça, porém, a Ewerthon,  na medida em que reconheço o seu esforço e doação ao time, mas isso, por sí só, não basta. Ewerthon é o caso típico de quem quer dar tudo de sí , mas está impedido, praticamente, de fazê-lo. Exigir que ele marque e corra o jogo inteiro, é querer que um "pé-de-bode"cumpra a tarefa de um trator. Ewerthon, ao meu sentir, ainda pode ser útil, se entrar em campo a partir dos 20 do segundo tempo. Principalmente se o o Palmeiras jogar em contra-ataques.

23) Meu Deus, Deus meu! O que aconteceu com Luan? Tive esperanças de que esse jogador viesse a se transformar em um ótimo atacante. Mas, desilusão, ele está rendendo cada vez menos e se inibindo cada vez mais. Foi substituido por Patrick, egresso do Palmeiras B, que, ao menos até agora, não justificou a promoção.

24) Valdívia vive a seguinte situação: se jogar o jogo inteiro, agrava o edema da coxa. Se parar, para tratar o edema, perde o ritmo de jogo. Muito distante de sua melhor condição física, o chileno provou em três ou quatro lances contra o Vasco que é um jogador fantástico e que rende muito melhor na preparação do que na definição das jogadas.

25) Kléber é um capítulo à parte. Elogiado pelo chefe, guindado à condição de exemplo em dedicação e doação, dedicou-se e doou-se, sim, mas rendeu muito pouco contra o Vasco. Fugiu sempre do jogo dentro da área, esquecendo-se de que ele era o nosso único atacante e referência.

26) Atuando pelos lados, principalmente pelo esquerdo, Kléber, que ontem não foi bem, mostra que não é um centro-avante de ofício, mas, apenas  um homem de preparação que pode, eventualmente, no transcorrer do jogo, revesar com um camisa nove especialista, já que é um grande definidor. Jogando tão longe da zona do agrião" o que poderia fazer?

27) Seu modo de atuar facilitou o trabalho dos beques vascaínos que sempre sobraram, numericamente, pelo fato de os três atacantes anunciados por Felipão serem, no primeiro tempo,apenas um, o próprio Kléber;  no segundo tempo, dois. Primeiro Kléber e Valdívia, pela aproximação de Valdívia. Depois, com o recuo do Mago para a armação, a dupla virou Kléber e Tadeu que entrou na metade do segundo tempo. 

28) Apesar de  Ewerthon e Luan terem entrtado no time, o esquema de Felipão foi o mesmo de jogos anteriores quando os titulres eram Rivaldo e Fabrício. Luan fez o lado esquerdo do campo para que Rivaldo recuasse, ajudasse na marcação e se transformasse, muitas vezes,  no terceiro zagueiro. Nas raríssimas vezes em que Rivaldo atacava, Márcio Araújo e, às vezes, Edinho, faziam a cobertura.

29) Ewerthon começou como atacante pelo lado direito do campo, à frente de Vitor.Conseguiu um ou dois bons lances iniciais, mas, depois disso, recuou para ajudar o meio campo tornando-se um jogador de função tática indefinida que não marcava bem porque não sabe marcar e não atacava por causa de seu posicionamento flagrantemente defensivo.

30) Felipão tem boquejado e esbravejado muito, além de ter concedido entrevistas quentes e contundentes, promovendo, sempre,  a projeção de culpa para os atletas. Ele devia, entretanto, fazer um exame de consciência já que não tem enxergado  e reconhecido os próprios erros.

31) Se ele busca entrosamento da equipe, por quê muda tantas peças de uma só vez? O empirismo de seu trabalho é visível, o que denota insegurança. Sua falta de confiança por definir um caminho e perseverar nele, está atrapalhando o acerto da equipe.

32) Se persistir essa indecisão de Felipão, o time ou vai demorar ou não vai se entrosar nunca. É preciso, urgentemente, que Scolari escolha um caminho viável, acredite nele e siga por ele. Aquele dos cinco volantes era o mais correto como um ponto de partida nessa fase de vacas magras. Por quê mudou? Mudou por quê? Para escalar os apáticos Ewerthon e Luan?

32) Ontem, a entrada de Vitor na ala direita e o remanejamento de Marcio Araújo para o meio de campo eram, sim,  alterações  lógicas.  Felipão acertou em cheio, mas quem é que não acertaria?

31) Mas por quê a entrada de Luan que, até hoje, nada rendeu? Por quê Luan no lugar de Rivaldo? Para trocar seis por meia dúzia?

32) Por quê Rivaldo no lugar de Fabrício, se Fabrício é muito mais jogador? Com o fito de justificar o pedido do próprio Felipão para que o Palmeiras contratasse, precipitadamente,  Rivaldo  junto ao Avaí?

33) Conhecendo Felipão como conhecemos, sabemos que não há segundas intenções na indicação. Por brio e orgulho feridos, o técnico está atirando contra o próprio pé,  tentando justificar essa exótica, errônea e intempestiva contratação.

34) Em vez de pedir atacantes, Scolari. equivocadamente,  pediu reforço para o setor no qual tem fartura de opções, o meio de campo.

35) Foi um erro de cálculo grosseiro que realça o que já se sabia: Felipão, sempre um conservador e melhor preparador de times do que estrategista,  nunca foi bom em indicar jogadores. Tentar justificar o erro é um erro ainda maior até porque a filosofia de Felipão no Palmeiras não vem sendo a de mantenedor de um esquema e da definição das peças; Repito, Felipão vem trilhando pelo perigoso caminho do empirismo e se não acertar logo corre o risco de não acertar nunca. .

36) Passou da hora da efetivação de Fabrício na equipe titular. Scolari parece ainda não ter compreendido que pelo lado esquerdo o Palmeiras não tem ninguém melhor do que ele, só um comparável a ele, Pablo Armero.

37) Digam vocês que me lêem e o próprio Felipão o que disserem e o que quiserem, mas, em meu ponto de vista, com todos os defeitos,  não temos ninguém como Armero pelo lado esquerdo do campo. Ele sim poderia fazer o revezamento com Fabrício com eficiência e objetividade.

35) Armero é um jogador raro, de apenas 22 anos, de condição física privilegiada, velocista, driblador, de marcação forte,  poder de recuperação, de boa experiência internacional, titular absoluto da Seleção da Colômbia, que não se encontrou no Palmeiras. Ele vive uma crise existencial séria de  falta de autoconfiança  e auto-estima mas isso pode ser revertido.

36) Se Felipão se dispusesse a elaborar um trabalho individual com Armero, resgataria um excelente reforço para o 2º turno deste Brasileirão.

37) Com relação a Ewerthon, cujo rendimento é muito baixo na relação custo-benefício, a insistência com ele como titular não poderia ser um pedido de Cipullo?   Cipullo sabe que errou feio nessa contratação  assim como Felipão no caso de Rivaldo.

38) Independentemente disso,  Felipão tem de compreender que jogar com Ewerthon exigindo que ele marque saída de bola ou que ajude a meia-cancha é jogar com dez. Será que somente nós enxergamos isso? 

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