Observatório Alviverde

21/04/2018

O PROBLEMA É O ESQUEMA!



Palmeiras x Inter, amanhã, às 16 H é um jogo de suma importância para o Verdão!

Será como um termômetro medindo a temperatura do time de Róger Machado com a propriedade de expor claramente as perspectivas desta temporada.

O adversário por tradição é perigoso ainda que esteja de moral baixo e retornando à elite do futebol brasileiro após ter sido rebaixado no ano passado.

De maneira diversa em relação a todos os grandes rebaixados até então, o Inter retornou à elite cabisbaixo e sem conquistar o título.

Voltou apenas como vice-campeão e como parte integrante do pacote dos quatro classificados.

Este ano cumpriu uma campanha discreta no Gaúchão e acabou eliminado pelo maior rival, o Grêmio, nas quartas-de-final .

Há de se reconhecer, porém, que, em razão de tudo isso, a sua periculosidade aumenta e acende o sinal de alerta para o Palmeiras

Não obstante o que dissemos, o Colorado está vindo de uma traumática eliminação da Copa do Brasil para o Vitória, nos pênaltis, ainda esta semana.

É uma daquelas derrotas que levam os jogadores a compreender que a partir de agora, têm de dar tudo de si no Brasileirão, competição na qual o time começou muito bem derrotando o Bahia no Beira-Rio por 2 x 0.

Já o Palmeiras, mergulhado não propriamente em uma crise, mas em uma situação de instabilidade técnica e emocional preocupante, tem necessidade de vencer para que o time se afirme, recupere a confiança e volte a jogar o que sabe.

Tudo isso virá, automaticamente, na hipótese de um triunfo convincente sobre um adversário tradicional e muito perigoso, o Inter.

Independentemente das perseguições arbitrais (reais, absurdas e inevitáveis) que tanto desmotivam o elenco, o time, em campo, não tem rendido o que sabe, o que pode e o quem tem capacidade para render.

Nas entrelinhas percebe-se, claramente, que Róger Machado, ao menos até ontem, não havia conseguido impor um modelo de jogo, um padrão, uma forma de atuar.

Esperamos, porém, que nessa nova chance que recebe, ele consiga retirar de cada atleta tudo o que pode render e fazer com que o time também renda, em consonância com o seu melhor potencial.

O maior desses exemplos é Lucas Lima, jogador criativo e diferenciado com o qual Róger poderia demolir as defesas adversárias em face de seu imensurável talento, mas que não está sendo aproveitado com inteligência.

A atitude de Róger em relação à Lucas Lima me remete a Felipão quando exigia que Valdívia marcasse o tempo todo, obrigando-o a correr feito um maratonista... 

Extenuado, quase sem força para exercer a sua função primacial de armar o jogo e efetuar com correção o último passe e levar o time para seu objetivo maior, os gols, Valdívia começou a apresentar seguidas contusões. 

O resto da história todo mundo sabe. Perdermos o melhor jogador das últimas décadas!

Róger Machado, guardadas as devidas proporções também exige que Lucas Lima atue fora de suas melhores características de construtor de jogadas e se torne mais um defensor de um time cujo técnico, talvez por sua de posição de origem, tem fixação em marcar e privilegia o defensivismo, no melhor estilo da escola gaúcha.

Lucas Lima tem jogado (muito mais) atrás, no setor defensivo, quando se sabe que, no Santos, ele atuava da frente de sua intermediária para o ataque.

No Santos, além de habilitar os companheiros para as finalizações, ele próprio chegava de frente como elemento surpresa e arrematava, marando muitos gols.

É de estarrecer ver o desperdício da utilização de um jogador dessa técnica e dessa qualidade, atuando atrás dos volantes e cobrindo a lateral esquerda quando a falta de conexão entre o meio de campo e o ataque (clara e nitidamente) tem sido o maior problema ofensivo palmeirense. 

A mesmice e a pasmaceira tem sido a característica do trabalho de Róger que prefere não mexer na escalação nem por um decreto do presidente e nem mudar a maneira de atuar  da equipe, ainda que esteja vendo que as coisas não estão dando certo.

O exemplo maior é Edu Dracena que, apesar da veteranice, ainda é o melhor e mais experiente zagueiro com que o Palmeiras pode  contar, um líder em campo que, embora apto para o jogo há mais de um mês, continua esquentando o banco.

O resultado dessa teimosia e obstinação da parte do treinador segue estampado não apenas nos resultados em campo, mas na falta de produtividade e no mau futebol apresentado, fatores esses que colocam o Palmeiras na vala comum dos times medianos.

Outro dia o brilhante Marco palmeirense da melhor cepa, expôs neste espaço que considerava -sim- o elenco do Palmeiras um dos melhores do país.

Ainda que -respeitosamente- discordando dele e de quem pensa dessa forma, eu quero ressaltar que se a minha tese de time mediano estiver errada e a dele de elenco acima da média estiver certa, acentuam-se a culpabilidade e a deficiência do treinador.

Penso assim; se nem com um elenco qualificado ele consegue acertar, o que seria, então, se o elenco fosse de menor categoria? Então me pergunto: Será que estamos enxugando gelo?

O fato é que, premido pelas circunstâncias e ameaçado de perder o cargo, Róger, esta semana, deu sinal de vida, acordou,  reagiu, e, finalmente, começa a lançar mão de iniciativas e providências que, de há muito deveria ter adotado.

Finaaalmeeenteee recoloca Edu Dracena (36 anos) que deve fazer uma espécie de revezamento de posições com Antonio Carlos no miolo da área, pela direita e pela esquerda, sacrificando o jovem Thiago Martins que volta à condição de reserva pois por tudo o que mostrou até agora, ainda tem muito a aprender.

Na lateral esquerda mantém Diogo Barbosa que tira um pouco a ofensividade do time em face, primeiro, do fato dele ainda estar se adaptando ao time e sem total confiança, tanto e quanto da característica mais ofensiva de Vitor Luís que vinha respondendo muito bem pela posição.

Em todo caso a manutenção de Barbosa, em face de sua característica (ao menos até agora) de atuar mais atrás, fixo e apoiar só na boa, torna o time menos vulnerável pelo lado esquerdo da defesa.

No meio de campo Felipe Melo, malgrado a sua lentidão e o fato de só conseguir render bem com a bola nos pés, continua titular.

Ele tem a mania de atuar muito mais do meio de defesa para o setor esquerdo, embolando com Bruno Henrique que também gosta de atuar ali e até com Lucas Lima, canhoto e obrigado pelo esquema a voltar o tempo todo para defender.

Por questão de instinto, Lucas Lima também opta, invariavelmente, a jogar nesse setor, o que fez com que o Palmeiras, (faz tempo), se tornasse um time penso e embolado pela esquerda, muito embora, na hora de atacar, vire sempre o jogo para trabalhar com Dudu pelo lado direito do campo e uma ou outra vez (muito menos) com Keno, pela esquerda.

Em razão desse esquema torto há como que um latifúndio para os adversários explorarem no lado direito da defesa palmeirense. Justamente alí se encontram as maiores vulnerabilidades do time de Róger.

Reparem como a maioria dos gols dos adversários nascem exatamente por este setor em face da necessidade constante de Antonio Carlos ter de sair da área para cobrir Marcos Rocha cujo forte é o apoio, não a marcação.

Essa situação só não ocorre quando Keno troca com Dudu e atua pelo lado direito pois Dudu joga mais esperando a bola do que na marcação, ao contrário de Keno que volta para marcar e apesar do vai e vem constante sempre tem muito gás para realizar a dupla jornada.

O grande problema de Keno voltar tanto é que quando ele recua para dar combate, marcar e cobrir a lateral, o Palmeiras perde a perspectiva de contra-atacar e chegar ao gol explorando aquele que talvez seja o atacante de maior velocidade do futebol brasileiro na atualidade.

Róger ainda pensa se irá ou não sacrificar Lucas Lima retirando-lhe a titularidade. Eu, particularmente, não o faria, posto que o substituto mais cotado, Guerra, contundido no quadril, está vetado pelo Departamento Médico.

Há, também, a possibilidade de Moisés voltar ao time, mas qual Moisés? Aquele de 2016 ou aquele que voltou da contusão neste início de 2018?

Moisés está sem ritmo de jogo e por via das dúvidas entendo que deva ser lançado aos poucos até readquirir plena confiança e voltar a render em consonância com o seu imenso potencial.

Se não estiver ocorrendo algum problema entre Lucas Lima/Róger (viram a cara de LL quando substituído contra o Bota?) e se tudo estiver correndo dentro da normalidade de relacionamento, Lucas Lima, cobrado e motivado pelo treinador, tem de continuar jogando. E se ele, de repente se motivar e resolver jogar tudo o que sabe?

Se não render, é simples, banco! Com pouco tempo de jogo se saberá se ele está ou não a fim de jogar!  

Se não estiver que entre então o Moisés, embora, na atual circunstância eu, particularmente, promoveria o retorno de Tchê-Tchê, versátil, eclético, um jogadoraço para qualquer função que não exija físico forte ou estatura elevada. 

Tchê foi muito criticado e até a cabeça dele chegaram a pedir, embora ele tenha sido mais um atleta cerceado em sua criatividade e  atrapalhado pelo esquema.

A entrada de Borja comandando o ataque é imperiosa considerando-se a experiência, a presença, o faro de gol e a boa capacidade de finalização desse jogador em uma eventual necessidade de utilização do jogo aéreo.

Borja é outro exemplo de que o esquema de Róger não é bom para alguns jogadores, haja vista que, na Seleção da Colombia, ele é um jogador diferente e muito mais produtivo do que no Palmeiras.

Há tempos venho pensando nisto, mas só hoje me ocorre divulgar: 

Temo que se Felipe Melo começar a jogar mal e não render nem o pouco que vem rendendo, ele não será substituído. 

Mesmo longe, tenho a impressão que Róger Machado tenha receio de sacá-lo do time -ainda que necessário- em face do temperamento dominador e agressivo desse atleta. 

Se ele peitou Cuca, por que não haveria de peitar Róger, caso julgue necessário?  

Para o jogo de amanhã este é o mais provável time do Palmeiras: 

Jailson; Marcos Rocha, Antônio Carlos, Edu Dracena e Diogo Barbosa; Felipe Melo; Keno, Bruno Henrique, Moisés (Lucas Lima) e Dudu; Borja.

Seria este o melhor time possível para enfrentar o perigoso adversário gaúcho?

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