Observatório Alviverde

14/12/2014

PORQUE EU NÃO REJEITO A CONTRATAÇÃO DE OSWALDO DE OLIVEIRA!



 
Nobre atira de novo contra a torcida!

Não considero um despropósito, um exagero, um ledo engano, um fim de mundo ou coisa assim, a contratação de Oswaldo de Oliveira para o comando técnico do Palmeiras no próximo biênio.

Respeitando as ressalvas e disposições contrárias dos irmãos palmeirenses, que, se não são unânimes, beiram a unanimidade de rejeição,  não vou escalar o conveniente muro da média e nem lá permanecerei! 

Com a sinceridade honesta e direta que caracteriza-me o proceder, cravo que Oswaldo sempre foi presença constante em todas as minhas listas de treinadores que julgava e julgo aptos, capacitados a dirigir o Verdão.

É óbvio que, nessas minhas listas, habitualmente decimais, Osvaldo, sempre figurou longe do âmbito de minhas prioridades e das maiores preferências, colocando-se, sempre, do oitavo ao décimo lugar, nunca aquém disso. Mas o importante é que sempre o aprovei, não há como ocultar, nem, porque, negar!

Lembro-me, ainda, da lista que concebi, há pouco mais de uma semana, antecipando que as produzo, metodicamente, no contexto rigoroso das situações negativas vividas pelo Palmeiras. A lista era (ainda é), esta:

1) Luxa, o melhor, disparadamente, entre todos, receita pronta para brigar por títulos, malgrado as oposições e as contestações. É só, literalmente, por no fogo!

2) Tite, imbecilmente defenestrado do Palmeiras por Palaia, em lamentável conluio com o veteraníssimo Edmundo, revoltado, então, pela perda a titularidade, com o auxílio borradíssimo da Mancha. Hoje, com experiência, moral, tempo, poder em mãos e a autonomia na escolha do material humano e de adoção de métodos de trabalho, ele, o mais perfeito condutor de grupos de futebol do Brasil, certamente excederia as nossas melhores expectativas a curto, médio e longo prazos.

3) Argel, grata revelação, a melhor alternativa, entre todas, de levar o Palmeiras a alcançar a modernidade, teria o pendor de restabelecer o "novo" de novo, na medida coincidente de sua semelhança profissional inicial com Luxa. Jovem, trabalhador, temperamento forte, liderança inata, decidido, ousado, daqueles que se auto impõem obrigações de vencer por meritocracia, não importa como, desde que seja honestamente, em uma nova profissão. Faltaram desassombro peito e coragem, arrojo e uma certa dose de atrevimento a PauloNobre para assumir Argel, ou, no mínimo, adotá-lo! Teria sido, sem qualquer dúvida, uma sacada genial. Fazer o que se gênio começa com G, não com P!

4) Cuca, autêntico técnico de campo, altamente tático, no campo das possibilidades era, e, é, uma excepcional alternativa. Emotivo, emocional, sempre bem relacionado e bem quisto nos grupos que dirige, fala, sem sotaque ou afetação a linguagem do boleiro, com quem se mistura e interage, feito um amigo mais velho, impondo ao grupo uma liderança compartilhada de cumplicidade e de amizade.

5) Abel Braga, líder, malandro, autêntico motivador de grupos, altamente técnico, fala a linguagem do boleiro como poucos e sabe distribuir conselhos como um irmão mais velho ou pai, impondo sobre os comandados uma liderança natural, técnica, psicológica e emocional! 

6) Joel Santana, velho, aparentemente anacrônico e folclórico, mas, a um só tempo lúcido, vivido, profundissimamente inteligente, conhecedor prático e inequívoco do ramo, é, per si, por sua aura luminosa e comportamento extrovertido, um motivador inato em qualquer grupo. Liso, um verdadeiro bagre ensaboado na arte das relações humanas, eu adoraria ver Papai Joel, ao seu feitio e em consonância com seu "modus operandi", peitando, carinhosamente, contestando, sobriamente,  e desarmando, espetacularmente, a truculência antipalmeirense da mídia paulistana.

7) Mano, chefe, (ele não é líder), exímio ganhador de dinheiro (para que não se o tache de mercenário), organiza e estratifica qualquer grupo transmitindo-lhe estabilidade, confiança e capacidade para vencer. Tem esquema forte e perene com empresários, dentro e fora do campo. Como só trabalha com grupos próprios, faz, dos atletas, parceiros, e tem, sempre, um bom esquema no bolso do colete. Seria boa pedida, mas, apenas, a curto prazo. Na dimensão das necessidades futuras, está longe de ser o treinador de minhas referência e preferência, capaz de impactar o time, alterar mentalidades e revolucionar o elenco palmeirense.

8) Mancini, jovem, sério, trabalhador, dedicado, empenhado, compenetrado, comprometido, lúcido, eficiente, responsável, está abalado emocionalmente por todos os problemas que passou no Botafogo. Agora, muito mais amadurecido poderia ter no Palmeiras o seu "start" para o estrelato.

Mas Oswaldo de Oliveira, cronologicamente a minha nona alternativa, acabou ficando, na realidade, como o dono posto, se é que o noticiário oficioso de ontem, antecipará, com correção, o noticiário oficial de hoje e de amanhã. Tudo indica, que sim! 

Oswaldo, então, chega ao Palmeiras respaldado por um ótimo retrospecto, muito superior aos seus vaziíssimos antecessores, Kleina, Gareca ou Dorival, treinadores cujas qualidades de trabalho, abaixo da linha mediana, eram inferiores a muitos os profissionais, tipo Alberto Valentim, que o clube já emprega. Isto é muito bom!

Conquanto pareça fútil, esse aspecto é fundamental, pois envolve uma questão psicológica de real importância no imaginário e no relacionamento do grupo: Oswaldo de Oliveira tem um currículo que se sobrepõe, completamente, ao do auxiliar técnico perene e olheiro da diretoria, Alberto Valentim. Em razão disso, será bem mais difícil ao auxiliar, réu confesso de ambição ao cargo de treinador do time principal, criar o seu grupo dentro do grupo! Ou você acredita que não havia?

Acusam Oswaldo de curintiano, e, talvez, seja esse, mesmo, o grande entrave nas adesões de tantos dos nossos que ainda se esquecem de que o futebol é profissional e que nenhum militante nessa área, -ao menos até hoje eu nunca vi acontecer- coloca o time de coração num plano que supere à própria carreira profissional.

Quando Marcelo Oliveira, ex-craque (craque mesmo) do Galo, (ele fez dupla com Reinaldo José de Lima, o melhor centro avante atleticano de todos os tempos), chegou do Coritiba para assumir o Cruzeiro, foi recebido grosseiramente pela torcida, que não lhe deu boas vindas, sequer o cumprimentou e chegou até a se manifestar contra a ele por várias semanas com palavras de ordem às portas da sede do time de futebol, dos clubes sociais e dos estádios. Até passeata fizeram. E hoje?

Projetando o ocorrido a Oswaldo, um professor carioca formado em Educação Física e revelado por Luxa, de fato, ele serviu,  profissionalmente, profissionalmente, fique claro, vou repetir, profissionalmente, o Curintia, via CLT e adereços, em perfeita, harmônica e honesta relação. Isso, em vez de condená-lo, o avalisa e recomenda.

Além disto, um cidadão natural de São Sebastião do Rio de Janeiro, poderá ter, sim, reconheço, muita  simpatia por qualquer clube paulista que conheceu depois de velho, mas não será, nunca,  jamais, e em tempo algum aquele amor piegas de eterno envolvimento e de infinita consideração. 

Fosse assim, ele não teria, jamais, trabalhado em nenhum outro time, o que é, frontalmente, desmentido por seu "background"!

LEIAM SOBRE OSWALDO DE OLIVEIRA:

Oswaldo de Oliveira
Informações pessoais
Nome completo Oswaldo de Oliveira Filho
Data de nasc. 5 de dezembro de 1950 (64 anos)
Local de nasc. Rio de Janeiro (RJ), Brasil
Informações profissionais
Posição Treinador
Times que treinou
1999–2000
2000
2001–2002
2002–2003
2003
2004
2004
2005
2005
2006
2006
2007–2011
2012–2013
2014
2015
Brasil Corinthians
Brasil Vasco da Gama
Brasil Fluminense
Brasil São Paulo
Brasil Flamengo
Brasil Corinthians
Brasil Vitória
Brasil Santos
Catar Al-Ahli
Brasil Fluminense
Brasil Cruzeiro
Japão Kashima Antlers
Brasil Botafogo
Brasil Santos
Brasil Palmeiras

Como se nota, a passagem de Oswaldo pelo Curintia está mais, muito mais, para Rio Congo, do que, propriamente para Rio Nilo. 

Explico: embora volumosa e intensa em termos de algumas conquistas pontuais, a sua passagem como técnico dos gambás não foi, como tantos imaginavam, tão longa, tão extensa!

Eu sempre tive uma visão diversa daquelas da maioria de meus irmãos palmeirenses em relação a Oswaldo. 

Em primeiro lugar nunca o considerei umbelicalmente ligado ao Cu-ríntia, mas, exclusivamente, um prestador de serviços que, em algumas vezes deu certo e em outras, não!

Eles acham que Osvaldo é incompetente, mas a realidade de seus números, conquanto não venda um gênio, tipifica um bom profissional.

Consideram-no, muitos, um fabricante de multas celetistas, mas, quem, na atual vigência dessa vergonhosa fraude legal, estiver sem pecado, que atire a primeira pedra. 

Esses detalhes têm de ser vistos, revistos calculados, preparados e combatidos com a devida antecedência porque, como se diz,  simbolicamente, no jogo de xadrez, há que se prevenir, sempre, o pulo do cavalo. 

De passagem: semana que vem o Palmeiras tem de preparar um pacote de dois milhões de reais para entregar a Diego Souza. 

Com que soma irão colaborar os "machos alfa" da Mancha que tanto hostilizaram e ameaçaram o jogador, mais do que, simplesmente, exigindo, impondo a sua saída do Palmeiras? Basta de ignorância, já chega de burrice!

Voltando a Oswaldo, que, tanto e quanto todos aos quais me referi, de Luxa a Tite, de Argel, a Cuca, de Abel a Joel, de Mano a Mancini tem inúmeros defeitos, deixem-me apor nesta post, a exemplo do que fiz com os demais citados por questões de justiça e isonomia, suas múltiplas e indesmentíveis qualidades.

Oswaldo por sua militância em dedicação exclusiva de mais de 20 anos no mundo da bola e à frente de clubes, de ponta ou não, do Brasil, da Arábia e do Japão, faz por merecer essa oportunidade catártica que o Palmeiras lhe proporciona.

Ao mesmo tempo em que tem a chance de responder ao Santos por uma injusta ou, vá lá, discutível demissão recente, da qual ainda, visivelmente, se ressente, ele, viajadíssimo, que treinou entre outros clubes um bambi, um Cruzeiro, um Vasco, um Flu, um Bota, um Fla, tem, agora a chance de consagração através de um outro clube que parece disposto (pago pra ver), a adentrar-se pela modernidade e começar a brigar pelos títulos, a S.E. Palmeiras.

Para que fique cravada sem dúvidas ou tergiversações a minha opinião sobre Oswaldo, um técnico que muito longe de ser brilhante (o Palmeiras pode dar-lhe esse lustro, essa grife), mas cuja contratação eu, jamais, rejeitaria, ressalto que Osvaldo, além de honesto, é muito inteligente, competente, interessado, trabalhador, que não explode facilmente e sabe lidar com as crises!

Por tradição, observação e, sobretudo, por intuição, acredito, demasiadamente, em seu trabalho!

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