Observatório Alviverde

22/05/2014

QUANDO SERÁ QUE A INFANTILÍSSIMA TORCIDA PALMEIRENSE COMEÇARÁ ATIRAR AS PRIMEIRAS PEDRAS CONTRA GARECA?




Eu disse neste espaço -e sustento- que Vanderley Luxemburgo seria nome o mais indicado para assumir o comando técnico do Palmeiras, mas num momento em que não se cogitava, ainda, da vinda de um técnico estrangeiro, Gareca, (pronuncia-se Garêca) cuja contratação aprovo, sobretudo pela filosofia e pelo perfil profissional do argentino.

A campanha incessante e duríssima promovida contra Luxemburgo (até com certa razão, não nego) que, em passado recente, foi o que mais levantou títulos à frente do Palmeiras, evidenciou o desespero de alguns setores midiáticos e daquela parte da torcida que torce -muito mais- pelas opiniões (antecipadas) que emite, do que pelo clube.

Essa gente sabia (e sabe) que Luxemburgo, com interesse, aplicação e  motivação para trabalhar, é garantia, no mínimo, de um bom trabalho, com resultados espetaculares, e da luta pelo título. 

Assim estava Luxa (interessado, aplicado e motivado) até cair na real e perceber que seu endereço não seria mais à Rua Turiaçu 1840, Perdizes, São Paulo, capital.

Pelas circunstâncias de sua não aceitação pelo Palmeiras, estou convicto de que Luxemburgo foi riscado, quero crer que, definitivamente, de qualquer possibilidade de, um dia, voltar a ser técnico do Palmeiras e já virou papel queimado cujas cinzas, de há muito, o vento carregou.

É lamentável que isso ocorra, em face da qualidade desse profissional, que errou muito, reconheço, mas que sempre mostrou um carinho especial para com o clube, como chegou a me dizer certa vez aqui em Belo Horizonte em conversa informal.

Beluzzo foi o responsável direto por acender a pira que estorricou Luxa no Palmeiras, pois, em um de seus erros mais grosseiros então presidente o desprestigiou em uma demanda com o moleque Keirrison (alguém ainda se lembra dele?) colocando na conta do treinador todas as consequências de sua falta de visão em matéria de futebol.

Pois fiquem todos sabendo de uma coisa: nas circunstâncias que envolvem o Palmeiras, dentro e fora de campo, que já duram quase quarenta anos, de 76  aos dias de hoje, qualquer treinador que seja vitorioso à frente de nosso elenco, tem de ser chamado, no mínimo de um fora-de-série!

Ao que me consta, apenas três treinadores, assinaram as nossas minguadas conquistas desde que Dudu virou técnico e ganhou o Paulistão no dia 18 de agosto de 1976  derrotando, na partida final o XV de Piracicaba por 1 x 0!   

De lá para cá foi um suceder interminável de nomes até a chegada do até então, apenas emergente Luxemburgo,  campeão caipira como se disse à época, em 1990 pelo Bragantino (em função de ter decidido o título com o Novorizontino) e, na sequência, com um trabalho exemplar, na Ponte Preta de Campinas.

Sequenciando um trabalho alicerçado -como ele próprio admite-, por seu antecessor no Palmeiras,  Otacílio Gonçalves,  gaúcho vitorioso no futebol paranaense,  Luxa viria a nos brindar com três bi-campeonatos em três competições distintas. o paulista, o Rio-São Paulo e o Brasileiro, todos em 93 e 94, conquistados pelos times que a Parmalat nos ajudou a formar, aos quais eu chamo, todos eles, de rolos-compressores!

Essa sêxtupla conquista, no espaço diminuto e restrito de dois anos, representaram para o clube e para a torcida, em termos não apenas técnicos, mas de alegria, emoção e deslumbramento, o apíce, o auge, o apogeu alviverde, desde que se extinguiu o time mais vitorioso da história palmeirense, a academia de Dudu e Ademir!

Nem as conquistas do Torneio Mercosul e da Copa do Brasil, em 98, da Copa dos Campeões em 2000 com o interino (vejam como o Palmeiras se dá bem com interinos) Murtosa, ou da própria Libertadores e a decisão do Mundial no Japão, conseguiram mexer tanto com a torcida quanto os seis títulos de 93 e 94 através de um time de imensa qualidade e (quase) imbatível!

O título Paulista de 2008, sob Luxa, que revelou ao Brasil um craque venezuelano-chileno de nome Valdívia, craque que a mídia ordinária insiste em não reconhecer como tal (embora reconheça Ganso) mostrou que com um pouco de organização e com um treinador que "peite" a bandidagem midiática e sua continua campanha de esvaziamento contra o clube, é possível que se chegue aos títulos;

Em 2009, como já foi dito, Belluzzo (de muitos acertos e cheio de boas intenções) arrebentou o Palmeiras ao dispensar Luxemburgo, por uma cápsula de minúcia, (repito, Luxa ameaçou de dispensa ao indisciplinado Keirrisson) o técnico que liderava com grande folga o Brasileiro, agindo, amadoristicamente, para adquirir uma ilusão, Muricy.

Cipullo, seu vice, quase plenipotenciário, que não queria a dispensa de Luxa, e, menos, ainda, a contratação de Muricy, foi à forra e, além de não dar o menor apoio ao sãopaulino, na maior cara de pau deste mundo, o substituiu tão logo pôde, pelo novato Antonio Carlos, ex-zagueiro palmeirense. Deu no que deu!

Aliás, Cipullo foi, quem sabe, muito mais culpado do que Belluzzo naquela perda de um título quase ganho, haja vista que, mesmo sabedor de que o Palmeiras não tinha elenco, fez bonito para a mídia e dispensou Obina e Maurício que trocaram socos na saída do time no intervalo, em um jogo contra o Grêmio perdido por 0 x 2.

Outra atitude amadorística, exatamente como mais desejava a maior parte da mídia, oportunista e terrorista, ávida pela derrocada palmeirense! 

Como se não bastassem tantas perseguições externas, o Palmeiras foi punido por seu próprio diretor de futebol em razão do amadorismo, da falta de maldade e de malícia, da inocência  e do amadorismo de seus dois principais mandatários. O que veio em seguida todos estão "Garêcas" de saber!

O Palmeiras só viria a conquistar novo título em 2012, o de campeão da Copa do Brasil, sob Felipão, com sangue, suor e lágrimas, contra tudo e contra todos, contra as arbitragens, STJD, aquela parte da mídia e contra tudo o mais que queiram.

A conquista, porém, veio com o travo amargo do rebaixamento, precipitado pela estúpida contratação de Kleina, técnico completamente desprovido de comando e liderança, daqueles, conforme eu sempre mencionei, que adoram ficar bem com todo mundo, se esquecendo que o mundo ensina que "quem ficar bem com todo mundo acaba não ficando bem com ninguém, nem consigo mesmo"! Aconteceu! Foi tudo para a conta do Palmeiras!

Hoje, de cabeça fria, fico pensando se não teria sido melhor Tirone e Frizzo terem feito ouvidos de mercador ao clamor da massa e permanecido com Felipão... 

Não que o considere a oitava maravilha do universo, mas, simplesmente, capaz de, na base do grito, das palavras de ordem e da liderança e domínio que exercia sobre o fraquíssimo elenco que comandava, reaglutinar o grupo e salvar a lavoura alviverde!

Dito tudo isso (alonguei-me demais, perdoem-me pelo nariz-de-cera, mas foi necessário) a conclusão a que se chega é que apenas dois técnicos e um interino levaram o verdão aos títulos e ninguém mais, conquanto todos os que chegaram ao Palmeiras viessem bem recomendados e prometendo mundos e fundos.

O Palmeiras, agora, como de hábito, arrisca novamente e aposta em Gareca, argentino, porém com passagens pela Colômbia, de quem se fala maravilhas, sobretudo em termos de montar excelentes times a partir e através das categorias de base, o que, nunca, jamais e em tempo algum ocorreu na vida do Palmeiras, porque a torcida paulistana não deixa!

É de domínio público que o Palmeiras -com as exceções de praxe- tem a torcida mais vaidosa, mais arrogante, mais imatura e a mais infantil entre todas de todos os clubes brasileiros. Não é crítica, é contestação, conforme provo abaixo!

Assume sempre atitudes radicais, muitas delas suicidas como depredar o patrimônio, tendo destruido a sala de troféus, sacratíssimo repositório da gloriosa história do clube...

Implica com jogadores em atitude sem volta ainda que o jogador se técnicamente se recupere e volte a atuar bem...

Surrar treinadores vitoriosos (ocorreu com Luxa) e ameaça outros ainda que tenham afinidades com o clube (Felipão)...

Espancar jogadores como Vagner Love e João Vitor para que citemos apenas dois e, até (é inimaginável), o craque do time, Valdívia...

Como é que podem e querem dizer que a torcida não joga contra o time e que ela não é um fator importante a ser analisado e ponderado em todos os fracassos do clube?

Gareca chegou e chegou com sorte. A interrupção do Brasileiro para a Copa dará um "time", isto é, um tempo, para que ele possa formar seu time, antes de começar a receber o impacto crítico e virulento da mídia, bem como dos imaturos garotinhos e dos eternos críticos palmeirenses que empesteiam a Internet e que tanto ajudam a desestabilizar emocionalmente o time.

Além do jogo de hoje às 19,30 em Araraquara contra o Figueira, o Palmeiras, enfrenta a Chapecoense no Arena Condá, em Chapecó, domingo que vem, dia  25, às 18,30, possivelmente, já com Gareca no banco.

Depois voltará a atuar dia 28, quarta-feira, no Prudentão, contra o Botafogo, também às 19,30 H.

"De passagem: 19,30, no meio de semana se não for o jogo do Sportv é tratamento dado à time pequeno!" Essa é a ótica dos imbecis globais em face do Palmeiras!

Domingo dia primeiro de junho, o Palmeiras enfrentará o Grêmio, às 16 H, mas ainda não foi determinado o local do jogo, possivelmente em Caxias, Novo Hamburgo ou outra cidade do interior gaúcho!

Conhecendo a torcida do Palmeiras como conheço, eu faço uma sugestão à diretoria: Deixar Valentim no comando, até que sejam cumpridos os quatro jogos antes da paralisação para a Copa, principalmente se ele conseguir vencer o jogo desta noite contra o Figueira. É preciso manter o embalo!

Garêca ficaria supervisionando o trabalho, e, ao mesmo tempo,    se inteirando de tudo e se integrando, paulatinamente, ao grupo! 

Assim, estaria poupado das costumeiras críticas dos covardes e oportunistas da torcida por quase dois meses e isso seria muito útil para a estabilidade e sequência de seu trabalho!

Para encerrar eu, que conheço bem a bipolaridade da torcida palmeirense, fico imaginando quando é que vão começar as críticas e retaliações ao trabalho de Gareca e quais os primeiros apelidos lhe darão em caso de eventuais tropeços da equipe sob seu comando.

A grande dúvida é se a diretoria dará suporte ao argentino para que ele possa realizar seu costumeiro trabalho de renovação do elenco a partir da base, que exige, sobretudo aquilo que a torcida do Palmeiras nunca teve e, pelo visto, jamais terá: paciência e tolerância!

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