Com duas rodadas de antecedência o Palmeiras foi o primeiro time brasileiro a se classificar para as oitavas de final da Libertadores/18.
A vitória sobre o Boca por 2 x 0 magnífica, consagradora, épica foi limpa e incontestável
Não há exagero nas exaltações ao Verdão, porquanto, em toda história da Libertadores, o Palmeiras é, apenas, o quinto clube brasileiro a derrotar o Boca Júnior em plena Bombonera, um feito e tanto, por sinal!
Foi um triunfo inesquecível outra conquista inolvidável do "Alviverde Imponente" que, com o resultado positivo de ontem, se habilita como o time brasileiro mais vencedor brasileiro dos jogos da "Liberta" realizados fora do Brasil.
Tudo isto nos enche de alegria e satisfação fazendo-nos sentir orgulhosos de ser palmeirenses, até porque nestes dias tumultuosos por que passava o Verdão este blog levantou a sacrossanta bandeira da paz no elenco e do respeito ao treinador em face das circunstâncias traumáticas vividas pelo clube nos bastidores.
Com a colaboração ativa e efetiva de TODOS os que escrevem neste espaço, imensos palmeirenses, este OAV que, sei perfeitamente, é lido por alguns jogadores, fechou uma corrente mental positiva que, seguramente, ajudou demais nas posturas mental e espiritual da equipe em um ambiente inóspito como La Bombonera.
Como dizia o verso de uma canção muito antiga referente à Seleção Brasileira "parecia até que eu estava em campo". E parecia, mesmo! Tenho certeza de que você que me lê também teve a mesma saborosa impressão!
Resumo, então, todo o meu sentimento em relação ao time numa única palavra, satisfação acompanhada por um muito obrigado ao elenco que conseguiu levar-me ao paroxismo da emoção.
Independentemente do placar obtido
-amplo, em se considerando o Boca e La Bombonera-, confesso-me satisfeito e realizado, muito mais do que pelo resultado obtido, pela atitude dos atletas, pela raça do grupo, pela doação e entrega de cada jogador, pelo espírito de luta evidenciado por todos, pela determinação incrível do time e, sobretudo, por algumas mudanças pontuais do técnico Róger Machado em termos táticos e de sua própria postura profissional.
Emoções à parte, e foram tantas as emoções de ontem que nos levaram às nuvens, é de bom alvitre que o elenco, festeje moderadamente o feito (os jogadores têm esse direito) de ontem, mas que fiquem por aí...
Que a rapaziada seja advertida de que "a máscara e a soberba" podem ser fatais em competições nas quais se enfrenta adversários pouco conhecidos (alguns desconhecidos) como aqueles que o Palmeiras pode e vai encontrar na próxima fase da competição.
Todo o cuidado será pouco para que se evite a decepção de uma desclassificação para a próxima fase da Libertadores...
A humildade e o trabalho têm de ser os maiores parceiros do Palmeiras, posto que a vitória e a classificação de ontem, não representam absolutamente nenhuma conquista, mas, exclusivamente, uma melhor perspectiva na competição que, repito, somente agora, chega às suas oitavas de final.
Do mesmo modo convém que se comente e analise os acertos e os erros de um time que, se esteve bem especificamente no jogo de ontem, não vinha tão redondo assim em seus últimos compromissos e pode-se dizer que ainda está longe da perfeição.
Eu gostaria de, construtivamente, chamar novamente a atenção para dois aspectos táticos negativos que têm de ser corrigidos urgentemente, já há muito tempo apontados por este blogueiro e muitos bloguistas que frequentam este espaço, mas que somente agora foram detectados e discernidos pelos comentaristas, pelos experts e até pelos ex-jogadores invasores da profissão de jornalista esportivo.
O primeiro é a fenda existente pelo lado direito da defensiva palmeirense, justamente no setor de Marcos Rocha, exímio apoiador e um sofrível marcador, em que pesem o seu esforço e obediência tática.
Ontem o Palmeiras esteve ameaçado o tempo todo pela presença de Pavón, aberto pelo lado esquerdo do ataque do Boca por onde o time argentino criou as suas melhores jogadas.
O Palmeiras voltou a ser muito vulnerável no setor em razão de Felipe Melo e Bruno Henrique terem atuado novamente como vinham atuando antes do jogo contra o Inter, isto é, do miolo para o lado esquerdo da defesa, permitindo ao melhor atacante do Boca que criasse um número muito grande de jogadas que levaram extremo perigo ao gol de Jailson
Esse problema só foi solucionado com a entrada de Hyoran que guarneceu o setor e montou guarda em frente de Marcos Rocha dando-lhe sustentação, apoio e permitindo que Rocha até apoiasse em certos lances.
Róger Machado precisa repensar a marcação e as peças pelo lado direito do campo ou irá amargar maus resultados a partir dessa visível deficiência defensiva.
Outro aspecto importante é este:
de nada adianta a montagem de um time defensivo se ele não dispuser daquela arma letal denominada contra-ataque. O Palmeiras não tem contra-ataque posto que seus atacantes são, muito mais, defensores.
Keno, Borja e Dudu são, muito mais, bem mais, defensores do que atacantes posto que Róger não tem conseguido montar um sistema de contra-ofensivas que preocupe o adversário.
Muitos hão de dizer que o Palmeiras teve uns três ou quatro contra-ataques letais, ao que acrescento que com um sistema de jogo mais bem pensado poderia ter tido o dobro e, até, o triplo. Contaram-se às dezenas as jogadas em que o Palmeiras roubava a bola na defesa e fazia o "bumba-meu-boi", isto é, estourava em direção ao ataque onde não havia ninguém, só zagueiros adversários que retomavam a bola e voltavam a atacar.
Se Machado conseguir corrigir esses dois defeitos táticos crônicos muito visíveis e acertar um esquema para que Borja e Lucas Lima sejam mais bem aproveitados, aí, sim, os adversários (todos eles) sofrerão bastante para derrotar o time do Palmeiras.
FICHA TÉCNICA de BOCA JUNIORS 0 X 2 PALMEIRAS
Data: 25/04/2018, quarta-feira
Local: Estádio La Bombonera, em Buenos Aires
Árbitro: Roberto Tobar (CHI) - NOTA 9
Assistentes: Claudio Rios (CHI) NOTA 10 e José Retamal (CHI) NOTA 10
Cartões amarelos:
Magallán, Nández, Pablo Pérez e Ábila (BOCA);
Marcos Rocha, Hyoran e Keno (PALMEIRAS)
PS - Repararam que quando o trio de árbitros não interfere o Palmeiras não perde?
GOLS DO PALMEIRAS:
Keno, de cabeça, aos 39 minutos do primeiro tempo;
Lucas Lima, por cobertura, aos 21 minutos do segundo tempo.
BOCA JUNIORS: Rossi; Jara, Vergini, Magallán e Mas;
Nández, Sebastián Pérez (Reynoso) e Pablo Pérez;
Carlos Tevez (Walter Bou), Pavón e Ábila
Técnico: Guillermo Schelotto
PALMEIRAS:
Jailson - Inseguro e indeciso no 1º tempo. No 2º, um portento. NOTA 8
Marcos Rocha - Cumpriu ordens e avançou pouco. Muito sacrificado pela falta de alguém para o primeiro combate em seu setor, ainda assim fez o cruzamento perfeito para o gol de Keno. NOTA 7
Antônio Carlos - Excelente atuação. Imbatível no jogo aéreo jogou com empenho, raça e determinação, tendo crescido demais com a chegada de Dracena ao time principal. NOTA 8.
Edu Dracena - Deu mais segurança a Antonio Carlos, devolveu confiança à defesa, cobrou muito dos companheiros de defesa e foi perfeito no jogo aéreo. NOTA 8.
Diogo Barbosa - Discreto mas eficiente, também cumpriu ordens e quase não avançou nessa tática de Róger Machado de defender com os laterais fixos e só avançando na boa. NOTA 7,5.
Bruno Henrique - Assim como Diogo Barbosa foi discreto e fez questão de não aparecer pra torcida. Igual a Felipe Melo lutou, se doou, mas parece ter cumprido ordens de ficar porque apareceu pouco como elemento surpresa e não chutou à média distância como de costume fazer.
NOTA 8.
Lucas Lima - Primeiro tempo pífio em que ele não foi visto em campo. Segundo tempo bom com a marcação de um belíssimo gol de cobertura. Reitero que é um jogador mal aproveitado. NOTA 7,5
(Moisés) - Entrou para que Róger poupasse Lucas Lima e para ajudar na marcação, quando o jogo já estava decidido e a vitória garantida. Em relação ao ritmo de jogo, melhorou. NOTA 7.
Keno - Cumprindo ordens, recuou, novamente, demais e deixou de ser o jogador agudo que é, embora não se possa dizer que tenha atuado mal . Fez o gol que abriu o caminho da vitória. NOTA 8.
(Hyoran) - Jogador novo e ainda imaturo que deve estar indo bem nos treinamentos. Róger fez bem em colocá-lo em campo, a fim de ir ganhando experiência NOTA 7.
Miguel Borja - Assim como ocorre com Lucas Lima, Borja é outro jogador a quem o esquema de Róger não tem feito muito bem. Valeu, como de hábito, pelo espírito de luta. NOTA 7,5.
(Willian) - Entrou em campo bem tarde, mas não se preocupou com esse fator jogando com muita disposição e até participando do lance que redundou no gol de Lucas Lima. NOTA 7,5.
A PERSONAGEM DO JOGO:
Dudu -
Ainda sob o impacto de críticas imerecidas e de ameaças da
parte de dois ou três insanos que se dizem torcedores palmeirenses, jogou bem embora
sem o poder de decisão de outras vezes. Por sua raça, determinação e,
principalmente, personalidade coloco-o como a personagem do jogo. NOTA 8,5.
O CRAQUE DO JOGO:
Felipe Melo -
Que raça, que
disposição, que empenho, que categoria, que atuação. Ele foi, disparadamente, o
melhor palmeirense em campo e merece o título de craque do jogo. NOTA 9.
Técnico:
Roger Machado -
Escalou bem mantendo os titulares.
Precisa corrigir a falta de primeiro combate e a cobertura na lateral direita e habilitar o time para o jogo de contra-ataques, corrigindo os posicionamentos de Bruno Henrique, de Keno, de Dudu e de Borja, mas, principalmente o de Lucas Lima que tem de jogar solto como jogou no 2º tempo.
Mostrou que sabe motivar o time no intervalo do jogo porque o Palmeiras, sem mudar uma única peça, voltou embalado para o segundo tempo e foi outro time em relação à primeira fase.
NOTA 8. (AD)