Observatório Alviverde

08/10/2010

VENCEMOS E CONVENCEMOS! AGORA É PARTIR PRA CIMA DO BOTAFOGO!

Foi justa a goleada sobre o Avaí?  Foi, sim! Justa, justíssima!

Mas se o Avaí convertesse aquele lance logo no início do jogo, em que Davi chutou no travessão e, no rebote, Caio desperdiçou um gol feito, a história do jogo talvez tivesse de ser contada sob outro prisma.

 

O jogo de hoje mostrou alguns aspectos interessantes:

O primeiro é o quanto Danilo faz falta no time.

O segundo, a nossa dificuldade em lidar com o jogo aéreo, embora o Avaí só levantasse a bola em direção à nossa área, apenas em cobranças de escanteios

O terceiro, a vulnerabilidade de nossa defesa quando o adversário executa o jogo tocado e busca a penetração em velocidade.

Sei, perfeitamente, que qualquer defesa teria dificuldades ao enfrentar equipes que atuam nessa característica, mas a dificuldade palmeirense para a contenção desse tipo de jogo é maior.

 

Não foi diferente, ontem, contra o Avaí.

Chegamos a ser encurralados pelo adversário no início do 1º tempo, resistindo bravamente na defesa, asfixiados e sem saída de bola.

Para agüentar a pressão, nossos meio-campistas formavam um compacto bloco para a suficiente guarnição da área,  isolando e sacrificando Kléber e Valdívia, obrigando-os a recuar para poder participar do jogo.

O predomínio dos catarinenses era total e a torcida palmeirense chegou a temer pelo pior

 

Esse panorama perdurou até os 12 minutos, quando um lance originado de bola parada abriu as perspectivas para o Palmeiras e alterou o curso do jogo.

Com a competência de sempre, Marcos Assunção cobrou uma falta pelo lado esquerdo, de forma absolutamente atípica em relação às cobranças costumeiras.

Em vez de bater direto ao gol ou na zona de tumulto, bateu mais curto onde o baixinho Valdívia, à vontade e sem marcação. cabeceou para trás e estufou a rede. Palmeiras 1 x 0.

Acredito em jogada ensaiada, visto que em cobrança seguinte, minutos depois, ele procurou novamente o chileno, nas mesmas circunstâncias, mas Valdívia cabeceou à esquerda do gol.

 

Encastelado na defesa, ao melhor estilo de Felipão, o Palmeiras, mesmo à frente do marcador, não foi o senhor do jogo, ainda que estivesse em vantagem.

De qualquer forma mantinha a moral de vencedor parcial, esperando o Avaí e contratacando sempre que possível, já com mais confiança e boa saída de bola.

O Avaí, entretanto, era mais agudo e perigoso e chegou ao empate aos 37 minutos. Uma bola alçada em corner foi desviada por Gabriel Silva na dividida pelo alto com o zagueiro Emerson. Ambos tocaram na bola.

Após ganhar efeito, a "buchudinha" quicou a um passo da linha do gol,  no canto esquerdo de Deola. Edinho, pressionado por Roberto, bateu a perna esquerda na bola e acabou fazendo um auto-gol.

Ressalte-se o claríssimo impedimento que eu vi logo de cara e que a turma da TV só descobriu após o alerta do diretor de TV. Não os censuro porque lances rápidos assim dificilmente se percebe sem o recurso de uma boa tomada televisiva por câmeras estrategicamente colocadas no estádio.

Em resumo, foi um primeiro tempo em que o Avaí jogou melhor, mas esbarrou em um time mais tarimbado e mais consciente.

 

O segundo tempo mostrou um Palmeiras diferente do que vimos no 1º tempo. Apesar de entrar com os mesmos jogadores, o time já se soltava mais, buscava o ataque com constância e apresentava um futebol mais ousado.

Valdívia que se empenhara mais na marcação, voltou para a fase complementar disposto a mostrar porque retornou ao Palmeiras. Após dois ou três lances individuais e alguns passes espetaculares, marcou um golaço, por volta dos cinco minutos do segundo tempo.

Após receber a bola na intermediária, deu o drible do peru, isto é, contornou o beque avaiano, abriu o clarão e fulminou. O goleiro Zé Carlos nada viu, só ouviu o onomatopaico "Schlap" da bola contra a rede pelo alto, em golaço espetacular.

 

O Palmeiras, a essa altura, dava o troco ao Avaí de tudo o que sofrera no início do primeiro tempo. Agora era o time "catarina" quem estava recuado e acuado no campo defensivo e sem a menor saída de bola.

Agora era o Palmeiras que marcava o campo todo, fechava os espaços e não permitia o desafogo do Avaí.

 

Três minutos após o gol de Valdívia o árbitro sergipano Claudio Francisco Lima e Silva exagerou e marcou um penalti inexistente (ao menos em meu modo de ver, sobre Rivaldo. O lance era puramente interpretativo, é verdade, e o árbitro estava a poucos metros do lance. Interpretativo ou não, Cláudio errou na interpretação. Não houve o penalti! Seria consciência pesada pela validação do gol irregular do Avaí? Não sei!

 

A marcação do penalti irritou os jogadores catarinenses que já vinham às turras com Kléber e que se incomodavam com as jogadas de efeito e preciosismo e com o vasto repertório de dribles desmoralizantes de Valdívia.

O goleiro Zé Carlos, alteradíssimo, deu um tapa no braço de Valdívia que segurava a bola, recebendo, incontinenti, o cartão amarelo. Marcos Assunção tentou acalmá-lo e ele se voltou contra o palmeirense. Por pouco não ocorreu uma briga de inimagináveis proporções em razão da incontível agressividade do avaiano, mas o árbitro apenas lhe mostrou o cartão amarelo.

Kléber bateu o penalti e, por sinal, fez uma péssima cobrança. Zé Carlos defendeu, soltou, Kléber foi para a bola e foi empurrado por um zagueiro do Avaí. Teria de ser batido um novo penalti a partir desse lance, mas o árbitro preferiu ignorar.

Sob o impacto do empurrão, Kléber foi ao chão.

Àquela altura Zé Carlos retinha a bola nas mãos pois havia completado a defesa.

Surpreendentemente, ao invés de dar seguimento ao lance, o goleiro partiu para cima de  Kléber, não apenas o xingando, como brandindo ameaçadoramente a bola contra a cabeça do palmeirense, terminando por desferir-lhe um tapa.

Muito próximo ao lance, privilegiado expectador dos acontecimentos, Cláudio Francisco não teve dúvidas, expulsou o inconseqüente goleiro e marcou o segundo penalti, que já deveria ter sido marcado quando Kléber levou o empurrão que o projetou ao chão.

Desta vez Kléber cobrou a penalidade com mestria e estabeleceu o gol que liquidou com as pretensões do Avaí.

 

O Palmeiras voltaria a pontuar aos 24 minutos em outro gol de belíssima feitura a partir de uma patada de direita do garoto Gabriel Silva em incursão pela meia esquerda.

Dessa vez quem ouviu o "shlap" foi o jovem goleiro Renan que entrara em lugar de Bruno Silva, no fechamento de um placar que só não foi mais amplo pela maldita filosofia do toque de bola para o tempo passar quando se tem a vantagem no marcador.

Felipão e o Palmeiras precisam entender que além das vitórias, o saldo de gols e o número de gols marcados por uma equipe são critérios de desempate estabelecidos pelo regulamento do Brasileirão e podem, circunstancialmente, decidir uma classificação na Libertadores e o próprio título. Minha parte no "olé", eu preferia que em gols.

 

Individualmente. gostei do time como um todo.

Deola esteve bem. Nota 8.

Vitor está melhorando, ganhando corpo e personalidade. Nota 7. Patrick o substituiu num momento em que estava cansado, correndo muito, sem comprometer. Nota 6.

Ramos foi bem, Nota 7,5.

Fabrício guarneceu posição sem ultrapassar o meio campo. Cumprindo a formulação tática tomou conta do setor esquerdo da área e cobriu, primeiro com Rivaldo, depois com Márcio Araújo, depois, ainda, com Patrick, os avanços de Gabriel Silva.

Fabrício começou falhando muito,  sendo driblado e batido na corrida pelo  lado direito do Avaí, mas, com o passar do tempo e com o desenvolvimento do jogo,  acabou se firmando, Nota 6. Gabriel Silva atacou melhor do que defendeu e fez um belo gol. Nota 7.

Edinho fez outra boa partida e também cumpriu esquema jogando mais atrás. 7,5.

Marcio Araújo, regularíssimo, cumpriu atuação normal: nota 7,5.

Infelizmente os apedêutas de nossa torcida continuam em campanha sórdida e sistemática contra Araújo, como, surpreendentemente, se lê em tantos blogs e sites ligados ao Palmeiras. Digam eles, porém, o que disserem, ninguém é mais regular do que o polivalente Araújo em todo o elenco do Palmeiras.

Gostei do empenho, do espírito de luta e da dedicação de Rivaldo, jogador limitado, do ponto de vista técnico, mas que mantem a titularidade respaldado por essas características. Sofreu o penalti que Kléber transformou em gol e selou a vitória palmeirense. Nota 6,5.

Rivaldo foi substituído por Lincoln, que ainda não se achou no elenco do Palmeiras, apesar de toda a sua categoria. O jogo de ontem mostrou que Felipão, ao menos por enquanto, está certo em começar os jogos com Rivaldo. Nota 5 para Lincoln.

Marcos Assunção já não é nenhum menino, mas corre e se empenha como um menino. Sua "bola parada" vem tendo um peso decisivo nessa arrancada do Palmeiras. Nota 8. Foi substituído por Pierre quando o jogo já estava resolvido, para sair antes e ganhar o merecido premio do aplauso e do reconhecimento da torcida. Nota 5 para Pierre que apenas fez número porque quando entrou já não era mais necessário tanta disposição.

Kléber teve um primeiro tempo apagado porque atuou isolado,  sem ninguém para dialogar. Nas poucas vezes em que o Palmeiras conseguiu se agrupar, na primeira fase, mostrou que é um jogador diferenciado. Sabe, como poucos, enervar uma defesa truculenta, chamar as faltas e se impor contra zagueiros de físico muito mais avantajado. Nota 7,5.

 

A expressão superlativa do jogo, sem qualquer dúvida, foi Valdívia.

Agregando a sua condição de craque uma nova característica, a de ajudar na marcação, o Mago fez jus ao epíteto.

Marcou forte desde a saída de bola, passando pelo combate na meia cancha, até o auxílio à defesa, o que lhe rendeu um inesperado cartão amarelo, absolutamente desnecessário, aos 44 minutos do segundo tempo, já com o jogo definido,  após cometer uma falta na ala direita, na entrada da área..

Em um jogo no qual colaborou com o esquema, marcando forte  e tocando de prima, imprimindo velocidade e profundidade à equipe , colaborando com dois gols, chutando o chão, driblando muito e fazendo delirar a galera palmeirense, Valdívia, nota 9, repito, foi a expressão superlativa, o craque do jogo.

 

Domingo o jogo é muito mais difícil, contra o Botafogo, no Engenhão, mas não tenho mais receios com relação ao Palmeiras de Felipão.

O time já está formado, engajado, treinado, moral lá em cima, tinindo…

O que eu disse em minha última postagem começa a se corporificar como provável e possível realidade.

Tudo começa a se tornar possível! Depende de nós!

 

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